18 de ago. de 2011

descomprometimentos.

Gosto dos encontros descomprometidos. Sim, estes que são descomprometidos de amor, de amizade, de qualquer relação de afeto ou desafeto. Este que vêm sem a obrigação de um abraço e de um beijo, sem o desperdício de tempo que é fazer companhia. Gosto dos encontros que vem descomprometidos com a hora, com o olhar, com o tempo, com a duração de seus segundos ao longo da vida. Gosto destes que se descomprometem para com a gente mesmo e assim deixa livre o coração. Gosto muito dos encontros que vêm sem comprometimento de interesses compartilhados, e ainda mais dos que vêm sem compromoter-se com o bom senso e com sintonia de gostos. Afinidades não necessariamente fazem parte destes encontros tão descomprometidos com a vida.
Sim, eu gosto muito disso. Geralmente, comigo, as coisas mais duradouras e/ou verdadeiras, iniciaram-se absolutamente descomprometidas e num passo adiante se comprometeram, mas sem os sêlos iniciais do compromisso - esse que rotula e faz ser-se necessário a partir de então. Não sei se porque esse balanço incerto do descomprometido combina mais comigo ou simplesmente se me fascina mais, mas o certo é que os comprometimentos, ou pré-comprometimentos, me deixam atordoada.
Gosto de não me preocupar se aquela pessoas que está na minha frente contando histórias de sua vida, estará ou não na minha frente amanhã. Gosto do encantamento que 'algúem' me proporciona, sem necessariamente ter ela a necessidade de me encantar amanhã - até porque amanhã, talvez, esse 'alguém' esteja um tédio. Tenho tendência a gostar do que é desobrigado e portanto efetivamente novo, ao passo que não deixa se tornar velho.
Um sorriso descomprometido é muito mais verdadeiro e causa muito mais turbulências, do que um que vem envolvido pela obrigação de um bom amigo ou coisa assim. Um amor descomprometido, só se faz quando se sente o que é, e assim por diante, até o dia em que talvez vá embora por já não ser - às vezes provoca dor, mas não se envelhece e nem se prende pelo comprometimento com os dias e dias que se seguem.
Pode parecer um pouco irresponsável - talvez seja de fato. Mas a verdade é que eu gosto do que me tem sido descomprometidamente pratico. Tenho gostado das conversas chegadas ao pé do ouvido, surpreendentes ou não, mas de todo modo, descomprometidas em acontecer. Sem expectativas. Sem esperanças mal fundamentadas. Sem decepções, portanto. Mas com frescor de primeira vez, com anúncio de inusitado, com frio na barriga de inesperado, e portanto, oculto de certa forma.
É o pingo de mistério tão próprio da vida, posto que ela é o inesperado dia após dia, que nós tendemos a retirar de nós mesmos, pelo simples medo de não conseguir viver sem saber o que nos espera ali adiante. Acho um pouco tedioso, mas sei que é necessário. Porém, não dá pra deixar tudo às claras sempre, até porque a vida vem e nos tira o poder de ver..

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