10 de mar. de 2010

café.

Ela acordou, levantou e coçou a bunda como se estivesse sonolenta e estava, pegou sua xícara favorita e derramou café dentro, colocou no microondas e deixou lá até esquentar, foi na sala, pegou as fotos pra ver os rastros de insensatez que foram registrados, ainda meio alcoolizada sentou-se para focar mais seus olhos nelas, cada uma mais incoerente que a outra, pensava quem era aquela guria que estava com ela em todas fotos e como estava feliz ao lado dela, ouviu o apito do microondas e foi cozinha adentro. Ligou o rádio e parecia que ele sabia exatamente o que estava dizendo, todos os tipos de coisas desconexas e sem sentido, assim que ela se sentia ao ver aquelas fotos, foi ontem mas ela não conseguia se lembrar, lembrar do que não era pra ter esquecido, ah, mas quem será essa guria, já logo dizia.
Uma foto em questão chamou muito sua atenção e assim tomando seu café, permitiu seu olho abrir mais pra ver com clareza o que ali estava escuro, em primeiro plano era só ela, ela e ela, as duas olhando uma para outra, como se conhecessem a tempos, como se sentissem, como se devorassem com os olhos e ao mesmo tempo se apreciassem. Era isso, era ela a guria que estava a procurar, foi só um dia mas foi eterno.
Por descuido acabou por deixar a xícara cair de sua mão e o café cair na foto, ela fica desconcertada, era a melhor foto que tinha visto em toda sua vida, agora borrada por um café preto, quente e amargo, tentou de vários jeitos tirar aquela mancha que estava no vão delas entre um olhar e outro, uma boca e outra mas não conseguiu e de tanto tentar resolveu deixar como estava, deixou a foto absorver o café e ele ficou em meio as duas, um mancha que por descuido apareceu aonde não devia mas que acabou por dar um tom mais, o estrago feito parecia estar se aproveitando da situação, tentando mostrar a ela com aqueles olhos castanhos grandes e redondos que talvez aquela mancha fizesse algum sentido, e aquele sentido era o que ela queria.
Pegou, levou até seu quarto até o mural e prendeu a foto, mais uma entre tantas milhares que tinha daquela guria, que ela sempre esquecia e sempre se lembrava com café no outro dia.




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