21 de jul. de 2009

o tal, amor platônico.

E só os complicados podem ter uma grande história. Sim, vocês podem discutir comigo, mas é assim que acontece. É quando sentimos o amor que queima, aquele que dói, que se pensa sem querer pensar, que se tem a sensação de impotência, de não saber como sair daquela situação puramente subjetiva, aquele que se associa mesmo olhando pra uma parede pichada, sem muitos atrativos. Rola aquele lance de dependência sentimental sem soluções, e mesmo quando já estamos cansados daquilo tudo, mesmo depois de tantos causos, lágrimas, problemas, brigas, lembranças... ainda assim não se consegue largar. Se quer perto.

E não importa a ausência daqueles surtos momentâneos em que um já não olha mais pra cara do outro, bate o coração na mais reles aparição do mesmo, a respiração ofega, perde-se o jeito e não se sabe o que falar, mas fala, cuspindo palavras sem nexo de forma atravessada na garganta, palavras que nem ao menos consegue-se pôr em ordem, porque já não se pensa sensatamente na visão física daquela conversa. Na verdade, já não se pensa, porque se torna absurdamente difícil conversar com aquela boca, ali, na nossa frente. Bate a saudade... e então, já era a razão.

O foda disso tudo é que as pessoas nunca sabem o que querem – só sabem o que NÃO querem. Por conseqüência, nunca se atinge a felicidade plena: o que se tem é uma busca constante, esperançosa e angustiante pelo relacionamento perfeito. Mas ele não existe. Deixemos de lado, portanto, essas diferenças. Temos que aceitar que a sociedade, mesmo nesse grau tão elevado de civilização, ainda não consegue ter relacionamentos maduros, completos e felizes, porque sempre se quer o complicado (mesmo que involuntariamente). Sente-se atraído pelo que parece difícil de chegar, pelo impossível ao nosso ver, pelo não-permitido e por tudo o que frustra as nossas expectativas. A regra geral é mesmo aquela: nada de expectativas. Tudo o que se cria expectativas dá errado, é fato. Então, viver sem pensar no futuro é a solução.

O amor quando se encontra... se encontra. Independente da forma que ele adquira. Esteja mundo, universo, Deus contra isso, de nada impedirá. Porque as coisas simplesmente acontecem. Não se tem culpa disso. E por mais que seja um amor conturbado, um amor intenso de altos e baixos, sempre irão se atrair. É algo que vai contra o nosso poder de escolha, queiramos ou não estar envolvidos, ele acontece, ainda que seja dividido em momentos. É o tipo de amor que não se esquece e que sempre permanecerá naquele pensamento obscuro do como seria. E é por isso que será sempre romântico... porque não pode ser completo.



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Um comentário:

  1. caralho, amei esse texto! tá completo: poético, crítico e emocional... parabéns. ah, e a última frase fecha completamente. é de um filme, sabia?

    beijão gatinha *:

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