29 de jul. de 2009

a carta.

E foi estranho e ao mesmo tempo mágico, isso tudo porque sempre gostei de fantasiar as coisas, teu quarto estava igualzinho a mim, pelo menos em cima da cama estava, zoneado igual meu coração, foi lindo mas foi estranho pra não dizer bizarro.
Sentei e me acomodei enquanto você comia aquela pasta doce que pra mim mais parecia gesso antes de endurecer, queria te olhar nos olhos de vez em quando mas preferia desviar, era muito mais fácil e muito mais covarde da minha parte também, era ali, era naquele momento que ia tentar te mostrar tudo o que estava sentindo, então comecei a ler em alto e bom som, só pra ver se causava algum impacto mas nada acontecia, toda vez que olhava, era você com a colher e o tal doce empastado, as vezes olhava pra mim e as vezes preferia olhar pra dentro do copo, foi assim até metade da carta e nessa hora já se escorriam lágrimas enquanto você devorava até o que não se tinha mais dentro daquele copo, cada vez que batia a colher no copo, sentia que era em mim que você batia e eu fiquei ali, tentando conter as lágrimas pra continuar "porque amigos fazem isso, destroem barreiras, desistem de algumas coisas pra ver o outro feliz.." era o que eu falava e você ali, quieto, terminando seu doce enquanto eu sentia o amargo dentro da minha boca.
Finalmente, eram as últimas palavras e você não sabia o que fazer, me olhava com indecisão e segurava naquela colher como se ela fosse não te deixar cair e finalmente saiu algo "não sei o que dizer.." e eu respondi "então não fale..", no fundo do meu coração, era esse o momento em que teria que gritar, eu é claro, por você deixar assim, o silêncio dominar e absorver tudo que tinha te dado ali, era meu coração na sua frente e você não entendeu, me deu um abraço de consolo, mas eu queria chorar mais e mais, só que não consegui porque me doia por dentro.
Você podia dizer que estava feliz em ter eu como sua amiga, que eu era corajosa de me deixar mostrar de praticamente estar nua na sua frente e mesmo assim ainda estar ali mas você não disse nada, como sempre fez, escolheu o silêncio e mesmo assim, eu entendi, entendi que você não estava ali por mim, estava ali por você, só pra você entender o que queria te dizer, pois eu disse e agora, bom agora eu sinto o doce amargo daquela pasta de gesso, mesmo não comendo-o, porque foi e é sempre assim, vira e mexe, a gente tá junto mas não está, só porque eu sou você versão feminina e você é eu em versão masculina, a gente nega tudo mas dos beijos, meu amor, os beijos a gente gosta, mesmo sendo assim os dois meio mágicos meio estranhos e bizarros.

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